Francesco Acerbi e Yann Sommer gravaram seus nomes na história do Inter de Milão, tornando-se ídolos eternos para os torcedores nerazzurri e, ao mesmo tempo, `inimigos públicos` para o FC Barcelona. Suas atuações espetaculares no estádio Giuseppe Meazza, na noite anterior, permanecerão na memória dos tiffosi interistas, que já os celebram como heróis. Em Barcelona, os nomes do zagueiro italiano e do goleiro suíço certamente não são lembrados com carinho. O gol e a solidez defensiva de Acerbi, somados às defesas impressionantes de Sommer, impediram que o clube catalão alcançasse a grande final da Champions League.
A Notável História de Superação de Acerbi
Os 120 minutos jogados pelo zagueiro italiano foram simplesmente inesquecíveis. Firme na defesa e atento aos craques do Barcelona, Acerbi acabou sendo decisivo não por suas ações defensivas, mas por uma investida ao ataque aos 93 minutos.
Quando o jogo parecia caminhar para o fim e o Barcelona já sentia a classificação para Munique, o camisa `15` virou a eliminatória de cabeça para baixo. O experiente zagueiro de 37 anos avançou e ocupou posições de centroavante. Dumfries, pela lateral, cruzou a bola na área e Acerbi, como o melhor `9` do mundo, antecipou-se a Araújo e finalizou de muito perto para marcar o gol que empatou o placar em 3 a 3 e mandou a partida para a prorrogação. Um gol sofrido, que além de ressuscitar sua equipe, significou o primeiro de toda a sua carreira profissional em competição europeia.
O gol foi um prêmio à sua constância. Acerbi é sinônimo de superação e de nunca desistir. O jogador de Vizzolo Predabissi derrotou o câncer em duas ocasiões, superou a depressão após a morte de seu pai e deixou para trás o alcoolismo.
Em julho de 2013, foi operado de urgência após a detecção de um tumor nos testículos. Recuperou-se, voltou a jogar e, no final do mesmo ano… teve uma recaída. Mais um obstáculo em um caminho muito difícil. Um ano antes, em 2012, perdeu o pai e refugiou-se no álcool para fugir da dor. Mas o câncer foi o ponto de virada para o italiano, que conseguiu abrir os olhos e sair do vício e dos maus hábitos.
“O câncer foi a minha sorte. Agradeço a Deus por tê-lo tido. Eu não me respeitava, não respeitava meu trabalho, nem aqueles que me pagavam. Muitas vezes chegava ao treino `altinho`, sem ter me recuperado dos efeitos do álcool. Sem a doença, eu teria acabado jogando na Série `B` ou, talvez, teria me aposentado. Por sorte, alguém lá em cima me amava e me enviou a doença. Sem ela, teria terminado muito mal. Ninguém teria me salvado. Estou satisfeito com a pessoa em que me tornei, apesar de todas as minhas deficiências”, confessou o transalpino no passado.
Sommer: Um Gigante de 1,83m
O goleiro suíço é, sem dúvida, um dos mais subestimados da Europa nos últimos anos. Yann Sommer foi eleito anoche como `MVP` (Jogador Mais Valioso) da partida por sua performance extraordinária, que frustrou os atacantes do FC Barcelona. Sommer ergueu um muro em Milão, realizando defesas de todas as formas e cores. Um total de 14 defesas fez o internacional suíço. Uma atuação quase sem igual. Apenas Jan Oblak, com 16 na temporada 2015-2016, teve mais intervenções em uma semifinal de Champions.
Todas as defesas do goleiro interista foram de grande mérito, mas duas em especial foram de outro mundo. A primeira, em chute de Eric García com o placar em 2 a 1, com ele voando de uma trave à outra para agarrar a bola quase sobre a linha do gol, e a segunda, em finalização de Lamine Yamal aos 114 minutos da prorrogação, tirando com a ponta dos dedos um chute no canto longo do internacional espanhol.
Sommer sempre teve que conviver com os estereótipos e críticas sobre sua baixa estatura para um goleiro. O guarda-redes de 36 anos mede 1,83 metros de altura e é o goleiro mais baixo de toda a Serie A.
“Não me preocupo mais com isso. Quando era mais jovem, era um problema maior, mas tive a sorte de ter treinadores que não davam muita importância à altura. Se eu tivesse tido treinadores que dissessem que precisavam de um goleiro de 1,93 metros, provavelmente não teria me tornado profissional”, confessou o ex-jogador de Basel e Borussia Mönchengladbach, entre outros. Agora, ele voltou a demonstrar que uma maior altura não determina o desempenho na meta.