A Juventus está a viver um momento complexo, após a pesada derrota caseira por 0-4 contra a Atalanta. Esta derrota afastou as esperanças de Scudetto e colocou em dúvida a permanência de Thiago Motta para a próxima temporada. Leonardo Bonucci, ex-jogador bianconero, comentou a partida nos microfones de La Tripletta, podcast de La Gazzetta dello Sport.
Sobre a derrota com a Atalanta: “Fiquei muito desiludido. Vi uma equipa em dificuldades, exceto nos primeiros minutos. Percebia-se que não seria o jogo que queríamos ver. Foi duro de assistir, estava com os meus filhos e estávamos todos desmoralizados. Hoje é um dia difícil para nós, adeptos da Juventus. O penálti sofrido mudou os planos do jogo, antes a equipa estava no jogo. Nestas situações é preciso gerir os momentos, a vontade de reagir leva-te a abrir, mas uma equipa como a Atalanta castiga-te. Este jogo deve ensinar a todos, treinador e jogadores, que a Juve precisa de melhorar em todos os aspetos.”
O que falta: “Hoje falta concretização. O jogo de Thiago é apreciável, mas em alguns jogos tem dificuldade em concretizar e ontem foi um desses casos. Os jogadores carecem de experiência e personalidade, precisam de crescer. Thiago Motta precisa de perceber que treinar a Juve é diferente e precisa de identificar as melhorias necessárias para colocar à disposição da equipa as competências que demonstrou no Bologna. Quando substituiu Mihajlovic, teve dificuldades semelhantes, senão maiores, mas o Bologna luta por outros objetivos, enquanto a Juve ambiciona vencer.”
Sobre o projeto: “Como adepto da Juventus não estou contente com os resultados, mas o projeto requer tempo. Se se quisesse vencer já, contratava-se Conte, criava-se um ciclo vitorioso e estava resolvido. Qualquer outro treinador precisa de tempo para que tudo funcione, também a nível da direção. O projeto Motta é instável, mas acredito que a Juventus deve dar-lhe pelo menos mais um ano para formar um grupo sólido, também a nível da direção, para criar as bases para vencer. Na Juventus não há tempo, é verdade, mas ou em junho se muda e se contrata Conte, ou se dá tempo a Thiago e Giuntuli para construir algo partindo deste ano, melhorando com novos jogadores. Com os treinadores anteriores a Thiago só se ganhou um troféu e não se construiu nada, portanto não é justo descarregar todas as responsabilidades nele. Demos tempo, e se depois se vir que não está à altura da Juve, reconheceremos isso. Agora está sob pressão, precisa de melhorar na gestão e na comunicação. Ontem à noite dizer ‘tristes’ e ‘desapontados’ não chega… É preciso estar irritado porque fizemos uma figura de palhaço!“
Os aspetos positivos: “Hoje os jogadores da Juventus, num ambiente assim, têm mais dificuldade em destacar-se se não tiverem uma forte personalidade. É preciso mais tempo. Acredito que Thiago permitiu à Juventus dominar os jogos a nível de jogo, e isto não garante a vitória, mas com o crescimento de dois ou três jogadores comprados este ano e a chegada de mais dois ou três, pode-se voltar a ser competitivo. Criaram-se as bases para dar um passo em frente no próximo ano. Yildiz no ano passado jogava pouco, hoje se o vendes por 80-90 milhões fazes encaixe, o mesmo para Mbangula, Thuram… Di Gregorio está a fazer bem, nem tudo é negativo. Se é um projeto de três anos, é preciso tempo. Compreendo os adeptos da Juventus, sou o primeiro a ficar frustrado, mas confio que o próximo ano com Thiago possa ser positivo.”