Sex. Abr 25th, 2025

Conceição vs Fonseca no Milan: Comparativo Detalhado dos Dados

A Copa Itália surge como a última esperança para dar sentido à atual temporada do Milan. A equipa sob o comando de Sergio Conceição tem uma missão clara neste trecho final do ano: vencer a Inter e garantir um lugar na final do torneio nacional. Este caminho representa a melhor chance de conquistar um troféu que escapa desde 2003 e, simultaneamente, assegurar a qualificação para a próxima edição da Liga Europa, um objetivo mais acessível via Copa do que através do campeonato, onde o Milan ocupa a 9ª posição.

É altamente provável que estes sejam os últimos jogos de Sergio Conceição no banco rossonero. Curiosamente, o treinador português atingiu recentemente o mesmo número de partidas (24) à frente do clube que o seu predecessor, Paulo Fonseca. Naturalmente, surge a questão: quais são e quão significativas são as diferenças entre as passagens de ambos os técnicos por Milão?

O Percurso de Fonseca

Ao analisar o desempenho de ambos, é importante notar que Fonseca esteve no comando do Milan em 24 jogos, distribuídos por três competições. Conceição, por sua vez, teve a oportunidade adicional de disputar a Supercopa Italiana, tendo-a vencido com reviravoltas sucessivas sobre Juventus e Inter.

Em termos estatísticos, Paulo Fonseca, hoje no Lyon, alcançou a vitória em 12 dos seus 24 jogos, registou 6 empates e sofreu 6 derrotas. A sua média de pontos por partida foi de 1,75, somando 42 pontos de 72 possíveis. Durante a sua gestão, o Milan marcou 44 golos e sofreu 27 em todas as competições. Ao ser despedido, Fonseca deixou o Milan na oitava posição da Serie A, mas com o mérito de ter quebrado um jejum de seis derrotas consecutivas em dérbis contra a Inter e de estar muito perto da qualificação direta para as oitavas de final da Liga dos Campeões, após uma vitória notável no Santiago Bernabéu frente ao Real Madrid.

A Aventura de Conceição

Sergio Conceição chegou ao Milan e, logo de início, fez história ao conquistar um troféu (a Supercopa Italiana) na sua segunda partida no comando técnico. Um arranque promissor, contrastado pelo desempenho nas restantes competições: apesar de estar na luta por um lugar na final da Copa Itália, a equipa encontra-se em nono lugar no campeonato (distante do objetivo Liga dos Campeões) e foi eliminada nos playoffs da principal competição europeia pelo Feyenoord, falhando o acesso às oitavas que esteve tão próximo com Fonseca. Os números de Conceição em 24 jogos são: 11 vitórias, 5 empates e 8 derrotas. A equipa marcou 37 golos e sofreu 30. A média de pontos por jogo é de 1,58.

Comparativo Direto dos Dados

Os dados preliminares apontam para uma realidade clara: no mesmo número de partidas, as estatísticas do Milan de Conceição são, em geral, inferiores às do Milan sob o comando de Fonseca. Outros indicadores reforçam esta tese: o Milan realiza menos dribles bem-sucedidos (140 contra 157), chuta menos na direção do golo (83 a 92) e perde a posse de bola com maior frequência (1684 a 1781). Essencialmente, é uma equipa que cria menos e cuja produção ofensiva e periculosidade diminuíram. Além disso, há um aspeto crucial a destacar: o Milan sofre com um verdadeiro tabu nos confrontos diretos contra as grandes equipas.

Desempenho nos Confrontos Diretos

Vamos analisar o desempenho do Milan nos confrontos diretos contra as grandes equipas italianas no campeonato, primeiro com Fonseca e depois com Conceição.

Com Fonseca no banco (7 jogos):

  • 3ª rodada, Lazio – Milan 2-2;
  • 5ª rodada, Inter – Milan 1-2;
  • 7ª rodada, Fiorentina – Milan 2-1;
  • 10ª rodada, Milan – Napoli 0-2;
  • 13ª rodada, Milan – Juventus 0-0;
  • 15ª rodada, Atalanta – Milan 2-1;
  • 18ª rodada, Milan – Roma 1-1.

Nos 7 confrontos diretos, Fonseca venceu 1, empatou 3 e perdeu 3. A equipa marcou 7 golos e sofreu 10, conquistando 6 pontos, uma média de 0,86 por jogo.

Com Conceição no banco (7 jogos listados, mais a disputar):

  • 21ª rodada, Juventus – Milan 2-0;
  • 23ª rodada, Milan – Inter 1-1;
  • 9ª rodada, Bologna – Milan 2-1;
  • 27ª rodada, Milan – Lazio 1-2;
  • 30ª rodada, Napoli – Milan 2-1;
  • 31ª rodada, Milan – Fiorentina 2-2;
  • 33ª rodada, Milan – Atalanta 0-1.

Conceição, até ao momento e com dois grandes jogos ainda por disputar (Bologna e Roma), não venceu qualquer confronto direto, registando 2 empates e 5 derrotas. A equipa marcou 4 golos e sofreu 10, somando apenas 2 pontos, uma média de 0,29 por jogo. O contraste é notável.

Contexto: Mercados de Transferência Diferentes

Existe o risco de Conceição terminar a época apenas em nono lugar, falhando assim qualquer qualificação para as próximas competições europeias e deixando um Milan que teria de disputar as pré-eliminatórias da Copa Itália em agosto – um cenário que não acontece desde 2016, para um troféu que este ano ainda pode vencer. É importante sublinhar que os dois treinadores beneficiaram de mercados de transferência bastante distintos. Se Fonseca viu chegar um médio como Fofana, tão necessário para os rossoneri, e um central sólido como Pavlovic, Conceição teve à disposição “armas” diferentes, mais alinhadas com a sua filosofia de jogo – independentemente dos resultados obtidos. A janela de janeiro trouxe um verdadeiro número 9 como Giménez, um fantasista como João Félix e um líder técnico e carismático como Walker. Um mês de inverno que alterou a estratégia definida no verão e revolucionou o plantel em busca dos objetivos traçados. Objetivos que, no entanto, não foram alcançados.

Resta apenas a Copa Itália. Este troféu não só oferece uma via para a qualificação para a Liga Europa, mas também a possibilidade de o Milan voltar a vencer dois troféus na mesma temporada, algo que não acontece há 17 anos (desde a dobradinha Supercopa Europeia e Mundial de Clubes em 2007/08). Conquistar a Copa Itália elevaria para dois o número de troféus ganhos na temporada. Este é, até agora, o único aspeto em que Sergio Conceição conseguiu ser melhor do que Paulo Fonseca no Milan.

By Tiago Mendonça

Tiago Mendonça vive na agitada Braga, onde mergulha diariamente no mundo do jornalismo desportivo. Com mais de 15 anos de experiência na cobertura de eventos desportivos em Portugal, desenvolveu um interesse particular pelo futebol e andebol, os dois desportos mais populares do país. Os seus artigos analíticos sobre previsões para jogos da Primeira Liga são regularmente publicados nas principais revistas desportivas. Tiago é conhecido pela sua capacidade de prever com precisão os resultados dos jogos, baseando-se numa análise detalhada de estatísticas e da forma atual das equipas. Além disso, apresenta um podcast popular sobre apostas desportivas, onde partilha informações privilegiadas e conselhos profissionais.

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