A França e suas academias são mundialmente famosas por desenvolver jovens talentos. Muitos dos melhores jogadores do mundo nas últimas décadas são franceses, e a região de Île-de-France é particularmente reconhecida como um celeiro de talentos, com jogadores da área presentes em times da Ligue 1 e em todo o mundo. No entanto, para o técnico do Olympique Lyonnais, Paulo Fonseca, o sistema francês não é perfeito, e o treinador português identificou uma fraqueza, como declarou ao L’Équipe em entrevista publicada na quarta-feira.
Um estudo recente do CIES analisou quais clubes da Europa formaram mais jogadores nos últimos 20 anos que chegaram a atuar nas cinco principais divisões europeias (Premier League, La Liga, Bundesliga, Serie A, Ligue 1). Não surpreendentemente, os clubes franceses se destacam.
O Real Madrid lidera a lista com 166 jogadores formados em sua academia nesse período, enquanto o Barcelona, através de sua prestigiada academia La Masia, ocupa o segundo lugar com 156. O Paris Saint-Germain está em terceiro (111), logo à frente do rival francês Olympique Lyonnais. No total, há sete clubes franceses no top 20 deste ranking.
`Jovens jogadores franceses não são ensinados a trabalhar taticamente e a aprender o jogo` – Fonseca
Recentemente, na França, tem havido um debate sobre a falta de opções de alta qualidade técnica no meio-campo francês. O PSG tem um meio-campo muito técnico com Vitinha e João Neves, e Fonseca identificou por que a França talvez não esteja produzindo jogadores com esse perfil.
“Portugal é um país pequeno que pode parecer carecer de recursos, mas o que é melhor é a nossa forma de ensinar o jogo aos jogadores, e é por isso que sempre temos muitos jovens jogadores atuando nos maiores clubes da Europa. Aqui (na França) vocês têm mais talentos – há um celeiro incrível, mas os jovens jogadores franceses não são ensinados a trabalhar taticamente e a aprender o jogo”, começou Fonseca.
Fonseca continuou: “Eles gostam de ser livres, de jogar um pouco como fazem na rua, e isso é bom porque eles têm muito talento. Não se pode negar isso. Mas é preciso incentivar esses jogadores a analisar o jogo e a pensar como um time. Se conseguirmos fazê-los entender quando são os bons momentos para fazer isso ou aquilo, então isso pode se tornar magnífico. Vocês pensam que na França não podem ter jogadores como Vitinha? Vocês têm! Mas vocês não lhes deram a capacidade de ler o jogo tão bem quanto Vitinha. Para mim, a forma como se trabalha com os jovens jogadores, a forma como se aprende o jogo, é o que explica isso.”