Sáb. Abr 19th, 2025

Galeone Detona Futebol Atual e Ataca Vlahovic: “Não Sabe Dominar a Bola Apesar do Alto Salário”

Giovanni Galeone expressa suas opiniões sobre o futebol atual. O ex-treinador declarou em entrevista ao Corriere della Sera: “Ainda bem que não treino mais, correria o risco de morrer no banco de reservas. Minhas coronárias explodiriam se um zagueiro meu tocasse a bola para trás, em direção ao goleiro. Um gol contra como o do Napoli contra o Como teria me matado. É possível uma coisa dessas? Essa bola sempre para trás, essa saída de bola lá de trás. Já chega, acabem com isso. A Fifa deveria fazer como no basquete: 10 segundos para passar do meio-campo. Mas mesmo passando, seria a mesma história, só passes inúteis. Há também um problema de concentração: um gol como o segundo contra a Alemanha não aconteceria nem no oratório. 90% dos jogos são de uma chatice mortal. Você bate um escanteio e, depois de três passes, a bola volta para o seu goleiro. São todas geometrias sem fantasia. Assim, o futebol não é nada. Os garotos que jogam futebol não se divertem mais. Ensinam esquemas para eles e eles não sabem mais dominar uma bola, driblar, passar por um marcador. Quem ainda consegue fazer isso deveria ser protegido pelo WWF: são espécimes em extinção”.

“E nos meus tempos? Calma, não quero bancar o velho gagá. Não é assim em todos os lugares. Na Espanha, eles defendem a identidade, apostam também nos jovens. E por isso vencem. Aqui você assiste a um jogo da Série C e depois muda para um da Série A e — com algumas exceções — é tudo igual, padronizado, sem emoções. Não, não gosto desse futebol. Há quarenta anos, mesmo sem ganhar nada, meu Pescara divertia. Durou pouco, porque na frente estavam os verdadeiros times fortes. Mas tínhamos uma ideia, jogadores jovens que eram felizes. E isso se via”.

“Meu scudetto? Explico rapidinho: ganhei em um restaurante em Nápoles. Não estou inventando, há testemunhas. À mesa, depois de um jogo, Diego Armando Maradona vem até mim e me diz: você tem que vir para cá e treinar o Napoli. Se isso não é um scudetto. Luciano Moggi ficava me dizendo: Giovanni, não assine com ninguém, hein, por favor. Vamos mandar o treinador embora (Ottavio Bianchi, ndr) e você vem. E eu enrolando o engenheiro Viola que tinha o contrato pronto para a Roma. Enrola daqui, enrola dali, no fim a Roma desiste — com razão, se cansaram de esperar — e no Napoli, caso raríssimo, mandaram embora os jogadores que não queriam o treinador. Talvez o único arrependimento. Não, aliás, há outro”.

“Em Viena, o Milan ganha a segunda Copa dos Campeões, é 1990. Convidado por Arrigo Sacchi, vou ver o Milan vencer e depois, no hotel da festa, conheço Silvio Berlusconi. Ficamos até as 5 da manhã conversando sobre futebol. E ele me diz: Galeone, me ligue, precisamos continuar essa conversa. Nunca levantei o telefone: esperava que ele o fizesse. E assim, o que poderia ter sido, não foi. Mas a vida seguiu em frente e foi uma vida bonita também. Eu conversava sobre futebol com Gigi Riva, Fabio Capello. E Pierpaolo Pasolini, que vinha a Grado no verão para fazer tratamentos de areia. Coisas que ficam guardadas. Havia educação, respeito, cultura. Hoje, há analfabetos que se acham catedráticos. E no futebol é a mesma coisa. Vá explicar isso para o pessoal do Milan: mandam embora gente como Maldini e Massara — entre os melhores que existem — e colocam Ibrahimovic. Grande jogador, sem dúvida. Mas que dirigente ele é? Que clube se tornou aquele Milan? E exemplos há milhares”.

“Então, está tudo perdido? Não. O Como, por exemplo, tem um dono estrangeiro, mas dá para ver que tem uma identidade própria. Gosto muito do Fabregas. Nico Paz é muito bom. Mas há jogadores demais que se acham grandes e não são. Arrogantes e presunçosos. Eu vi Zico, digo Zico, ficar no frio de Udine depois do treino por uma hora sozinho chutando faltas contra a barreira de madeira”.

“Quem ganha o scudetto? Sei lá. Inter, claro. O Napoli pode lutar até o fim. Se tiver sorte, o Atalanta também, mas é difícil. Depois, para baixo, mal, mal. A Juve? Só digo isto: dá um milhão líquido por mês para Vlahovic, talvez o único jogador eslavo — e eu entendo disso, os adoro há 80 anos — que não sabe dominar uma bola: não consegue mesmo. Quem sabe agora com a chegada de Tudor. Do Milan já falei. A Roma? Depois de meses entenderam que precisavam de Ranieri. Agora não podem errar no próximo treinador”.

“Allegri? Seria muito bom. E desejo isso a ele. Embora eu tenha ficado bravo com ele. Por um tempo, ele me ligava e eu não queria atender. Tinha ficado muito preguiçoso. Ele tem que treinar, é muito bom. Quem sabe, talvez eu esteja exagerando. Talvez não dependa só dele. Não chega o convite certo. Se eu fosse o Milan, o contrataria correndo. Mas depois nos falamos e ele me disse que não quer ir para lá. É isso: na Roma eu o veria muito bem. Mas vai saber. Eu não entendo mais nada desse futebol”.

By Tiago Mendonça

Tiago Mendonça vive na agitada Braga, onde mergulha diariamente no mundo do jornalismo desportivo. Com mais de 15 anos de experiência na cobertura de eventos desportivos em Portugal, desenvolveu um interesse particular pelo futebol e andebol, os dois desportos mais populares do país. Os seus artigos analíticos sobre previsões para jogos da Primeira Liga são regularmente publicados nas principais revistas desportivas. Tiago é conhecido pela sua capacidade de prever com precisão os resultados dos jogos, baseando-se numa análise detalhada de estatísticas e da forma atual das equipas. Além disso, apresenta um podcast popular sobre apostas desportivas, onde partilha informações privilegiadas e conselhos profissionais.

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