Sáb. Abr 26th, 2025

Gentile: “As partidas da Juventus? Sinto-me mal, assisto a todas mas desligo a TV de raiva. Giuntoli? Não somos o Napoli, aqui o 2º lugar é uma tragédia”

Lenda da Juventus que foi, Claudio Gentile vestiu a camisa bianconera por onze temporadas a partir de 1973. O ex-zagueiro concedeu uma entrevista à La Gazzetta dello Sport, onde expressou suas fortes opiniões sobre o momento atual do clube.

Irritado

Gentile confessa assistir a todos os jogos da Juventus, mas a experiência é muitas vezes dolorosa. “Assisto a todos os jogos da Juventus, mas muitas vezes não chego ao final. Desligo a televisão de tanta raiva”, diz ele. A frustração recente veio no jogo contra o Parma: “A última vez foi contra o Parma, quando vi a marcação no lance do gol deles, não aguentei mais”.

Momento Ruim

A dor vem de um profundo sentimento de pertencimento. “Sinto-me mal porque sou juventino e sei o que significa usar aquela camisa. E agora não me parece a minha Juventus”, explica. Ele vê pouca da mentalidade vitoriosa que caracterizava o clube: “De verdadeira Juventus como a entendo, vejo pouco”. Cita Yildiz como um talento promissor que agradaria a figuras históricas como o Advogado Agnelli, mas ressalta que um jogador sozinho não basta. “O resto me causa amargura, assim como os resultados.”

Gentile recorda com nostalgia a era de Agnelli e Boniperti, que incutiam a mentalidade vencedora desde o primeiro dia. “Nos meus tempos, havia grandes figuras como o Avvocato Agnelli e Boniperti que, desde o primeiro dia, diziam: `rapaz, aqui você está na Juventus e certas coisas não pode fazer: é um clube diferente`. Tinham razão. A Juventus é única pela sua mentalidade vencedora.” A comparação com o presente é dura: “Quando eu jogava, ficar em segundo lugar era considerado uma meia-tragédia, agora nos agarramos ao quarto lugar… A Juventus deve pelo menos lutar pelo Scudetto e não estar tão longe do topo”.

Temporada Fracassada ou Decepcionante?

Sem hesitar, Gentile classifica a temporada como “Decepcionante, sob todos os pontos de vista”. Ele aponta a queda das expectativas iniciais: “No verão havia euforia e grandes expectativas, mas aos poucos tudo se desvaneceu”. Essa opinião, segundo ele, é compartilhada por grande parte da torcida com quem ele conversa.

Os Culpados

Sobre a responsabilidade, Gentile afirma que “O treinador é sempre o primeiro a pagar”. Ele reconhece que o atual técnico tem suas culpas, mas volta a enfatizar a particularidade do clube: “Mas a Juventus é um clube diferente e é preciso vencer.” A lição veio dos mais velhos: “Isso me foi ensinado por Boniperti e pelos `velhos` do vestiário quando cheguei a Turim aos 19 anos”. Ele imagina as consequências em tempos passados: “Com Boniperti, depois de uma temporada assim, seria quase impossível ter um bom salário no ano seguinte”.

Giuntoli

Comparando com o passado, Gentile é crítico em relação ao atual diretor esportivo. “Com Boniperti, que conhecia a Juventus como poucos e tinha um grande faro para jogadores, raramente errava uma contratação, não se teria chegado a este ponto.” A análise do trabalho de Giuntoli é direta: “Vendo os resultados atuais, porém, não se pode dizer o mesmo de Giuntoli: houve bastantes erros no mercado”. Ele prefere não citar nomes específicos, mas reitera que “certas decepções estão visíveis a todos”. Gentile faz questão de distinguir o clube: “Com todo o respeito pelo Napoli, a Juventus é um clube diferente. E em Turim você sempre deve tentar vencer.”

Champions

Apesar das críticas, há esperança, misturada com receio. “Espero de todo o coração que a Juve se classifique (para a Champions League), porém depois do jogo contra o Parma me deu um pouco de medo.”

O Treinador Atual

Questionado sobre o técnico, Gentile mantém cautela e pragmatismo. “O treinador da Juventus é julgado pelos resultados. É cedo para dizer onde chegará no final.”

Conte

Um possível retorno de Antonio Conte é visto positivamente. “Antonio é um vencedor e conhece a Juventus como poucos, seu retorno seria positivo”, avalia. Ele destaca a importância de figuras com forte ligação ao clube: “É sempre útil e valioso ter pessoas que saibam explicar aos jogadores onde estão e que camisa vestem”.

Chiellini

A figura de Giorgio Chiellini é valorizada por Gentile. “É uma lenda e um rapaz de valor: Giorgio merece estar no centro da Juventus.” Vê em Chiellini a capacidade de transmitir a cultura do clube, assim como Boniperti fazia: “Boniperti, quando as coisas não iam bem, chamava os jogadores e explicava o que é a Juventus. Chiellini pode fazer o mesmo, tem o DNA bianconero.” Além do aspecto mental, Gentile elogia o defensor que Chiellini foi: “E foi um grande zagueiro, um dos últimos… Ver gente que marca é cada vez mais raro, hoje em dia só se olha se um zagueiro sabe construir jogadas desde trás”.

Conselhos para Contratações

Para reforçar a equipe, Gentile tem uma sugestão. “Tonali seria um bom reforço, italiano. E estou convencido de que na Juventus se tornaria ainda mais forte.” No entanto, um nome só não basta: “Mas serão necessárias pelo menos uma contratação de peso por setor para voltar a lutar pelo scudetto imediatamente.” Ele não defende uma revolução total, mas sim elevar a qualidade: “Uma nova revolução não seria típica da Juve, mas será preciso elevar o nível da equipe”.

By Tiago Mendonça

Tiago Mendonça vive na agitada Braga, onde mergulha diariamente no mundo do jornalismo desportivo. Com mais de 15 anos de experiência na cobertura de eventos desportivos em Portugal, desenvolveu um interesse particular pelo futebol e andebol, os dois desportos mais populares do país. Os seus artigos analíticos sobre previsões para jogos da Primeira Liga são regularmente publicados nas principais revistas desportivas. Tiago é conhecido pela sua capacidade de prever com precisão os resultados dos jogos, baseando-se numa análise detalhada de estatísticas e da forma atual das equipas. Além disso, apresenta um podcast popular sobre apostas desportivas, onde partilha informações privilegiadas e conselhos profissionais.

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