Qua. Mai 14th, 2025

Hoje em ‘La Grada Ràdio’ | Espanyol: Entre o possível corredor, a festa do Barça… e Salvador Illa com freio institucional

Não há descanso nem tempo para lamentações. Apesar do duro golpe sofrido no último domingo em Butarque, o Espanyol volta a fazer contas para garantir a permanência na primeira divisão. Enquanto a calculadora trabalha intensamente, o calendário não dá trégua. Esta terça-feira começa a 36ª jornada da LaLiga, a antepenúltima, e os blanquiazules já têm os olhos postos no confronto de quinta-feira: um derby em casa contra o Barça, um jogo carregado de tensão.

Este não é um derby qualquer. Para a equipa de Manolo González, a urgência é clara, independentemente do adversário: é preciso somar pontos, pois a permanência matemática ainda não está garantida. Após três derrotas consecutivas, as dúvidas começaram a surgir. O que parecia encaminhado há poucas semanas, agora volta a ser uma luta com pouca margem de erro.

Para tornar tudo mais complexo, o Barça poderá chegar ao RCDE Stadium já como campeão ou com a possibilidade de conquistar o título vencendo em território perico. Este cenário, seja qual for, não agrada de forma alguma aos adeptos do Espanyol. Ninguém esqueceu o que aconteceu há dois anos, quando os culés celebraram o título no centro do campo, desrespeitando o acordado com os Mossos d’Esquadra e provocando uma imagem que ainda causa desconforto. Será que terão que passar por isso de novo?

Além disso, em meio às preocupações desportivas, o debate sobre a figura de Manolo González regressou com força. As críticas, algumas com mais fundamento que outras, voltaram precisamente quando a equipa mais necessita de estabilidade. Sim, criticar é válido, mas é preciso saber quando e como. E agora, talvez, não seja o melhor momento para alimentar conflitos internos quando o objetivo essencial ainda não foi alcançado.

O caráter polêmico de alguns jogadores do Barça serve de alerta para o Espanyol

Tudo isto — e muito mais — foi discutido hoje em La Grada Ràdio. Uma tertúlia que funcionou como um termómetro para medir o estado de espírito do adepto comum do Espanyol: com o orgulho ferido, sim, mas ainda com fé. Porque enquanto as matemáticas não disserem o contrário, esta equipa continua viva e o jogo de quinta-feira não é apenas mais um jogo: é uma oportunidade. Para somar, para curar… e para colocar no seu lugar aqueles que não respeitam as normas nem a história.

Gavi, jogador do FC Barcelona

Nesse sentido, em La Grada Ràdio, Francesc Via lamentou que as circunstâncias tenham tirado a alegria de jogar o derby, embora nunca devesse haver desculpa para impedir de mostrar que, em nossa casa, não gostamos do que o Barça representa. Tampouco se pode negar a realidade: o Barcelona pratica um ótimo futebol e é um adversário temível. Muitos pensam que, caso tenham de fazer o corredor de honra, evitariam ter de suportar novamente aquela “roda” indignante de há dois anos. De qualquer forma, sabendo que o caráter de alguns jogadores do Barça é de “brigões e provocadores”, como aponta o nosso diretor, não é descartável que, aconteça o que acontecer, lhes surja a veia provocatória e haja celebração posterior.

Segurança máxima no RCDE Stadium para um derby de alto risco

O Espanyol e as autoridades ativaram um dispositivo de segurança especial para o derby, um jogo marcado a vermelho tanto pelo que está em jogo a nível desportivo como pelo contexto extradesportivo que o rodeia. A memória dos incidentes ocorridos há dois anos, quando os jogadores azulgranas celebraram o título da Liga no centro do campo do RCDE Stadium, ignorando as recomendações dos Mossos d’Esquadra, levou a redobrar as precauções.

O clube conversou com os grupos de adeptos para transmitir uma mensagem clara: máxima intensidade no apoio à equipa, mas sem cair em provocações. A prioridade é evitar qualquer situação que possa resultar em imagens indesejadas ou sanções, e que retire protagonismo ao que é verdadeiramente importante: o Espanyol joga a permanência na Primeira Divisão e precisa de todo o apoio possível, mas com respeito e responsabilidade.

Espera-se uma lotação praticamente esgotada no estádio. O ritmo de venda de bilhetes foi alto e, salvo imprevisto, o RCDE Stadium estará completamente cheio. No entanto, prevê-se uma presença notável de adeptos do FC Barcelona, incluindo um número significativo de turistas, algo habitual neste tipo de jogos e especialmente na reta final do campeonato.

Invasão de campo após um derby Barça

Perante este cenário, o Espanyol insiste num duplo apelo. Por um lado, à sua própria massa associativa, para que mantenha uma atitude exemplar num duelo que, pela sua carga emocional, pode gerar momentos de tensão. Por outro, aos adeptos visitantes, para que respeitem o ambiente e não contribuam para alimentar um clima hostil. A coordenação entre clube, forças de segurança e adeptos será crucial para garantir que o encontro se realize sem incidentes e com a seriedade que merece.

O Espanyol quer viver um grande jogo. Mas não está disposto a permitir que ninguém utilize o seu estádio como palco para uma provocação. E desta vez, parece que está preparado para que isso não aconteça de novo.

Salvador Illa, perico no camarote… mas com freio institucional

Esta quinta-feira não se joga apenas um Espanyol – Barça de máxima tensão desportiva. Haverá também muito a observar no camarote do RCDE Stadium, onde estará Salvador Illa, President da Generalitat… e adepto declarado do Espanyol. Mas para além do clube, o President optou por uma posição diplomática que não foi bem recebida por alguns setores da massa associativa perica.

Numa entrevista esta terça-feira no programa Cafè d’idees da RTVE Catalunya, Illa manifestou-se — à sua maneira — sobre a possibilidade de o Barça se proclamar campeão em Cornellà. “Eu ficarei feliz que o Barça ganhe a Liga. Pode ganhá-la jogando na quinta-feira? E eu ficarei feliz que o Barça ganhe a Liga”, disse sem rodeios. Uma frase que, embora matizada depois, causou certo mal-estar entre os adeptos do Espanyol. Porque claro, Illa não é um político qualquer. É o primeiro President da Generalitat que reconheceu publicamente ser sócio do Espanyol, com laços familiares e pessoais muito próximos do clube. Por isso, muitos esperavam mais cumplicidade com o sentimento perico, especialmente numa semana em que o Espanyol joga meia vida na Primeira Divisão.

Salvador Illa, presidente da Generalitat

No entanto, o próprio Illa quis deixar claro que uma coisa é a presidência institucional e outra o seu coração: “Não quero que o Espanyol perca, eu não disse isso. Fiquei feliz que o Barça tenha vencido o Madrid, que ganhe a Liga, acho que está perto. Com quem vou na quinta-feira? O President da Catalunya não vai com nenhum, vai com todas as equipas catalãs, e quando jogam equipas catalãs, é neutro”.

E aqui veio o seu aceno mais evidente, embora em voz baixa: “Salvador Illa já sabe com quem vai”. Uma frase que, embora insinue a sua simpatia blanquiazul, continua sob o guarda-chuva da correção institucional.

Em todo caso, Illa confirmou que estará no estádio na quinta-feira, no camarote, cumprindo as suas funções como máximo representante da Generalitat. “Estarei no camarote e como presidente estarei a cumprir as minhas obrigações institucionais, que são estar sempre a favor de todas as equipas catalãs e desejar que lhes corra tudo muito bem”. E para dissipar dúvidas, rematou com uma mensagem de pluralidade: “É verdade que o Barça é um clube muito importante para a Catalunya, mas aqui há mais clubes de futebol: o Espanyol, o Girona, o Nàstic… muitos mais, e estou a favor de todos eles”.

Suficiente? Para alguns, sim. Para outros, nem tanto. No ambiente perico, há quem acredite que já é hora de o President poder dizer abertamente que apoia o Espanyol, sem medo das reações nem de incomodar ninguém. A normalidade institucional chegará quando isso não for notícia. Enquanto isso, a sua presença no estádio é bem-vinda.

Àlex Cobas defende Manolo: “Não foi um capricho, teve que adaptar-se ao que havia”

O analista Àlex Cobas ofereceu em La Grada Ràdio uma leitura tática do jogo em Butarque, na qual defendeu o planteamento de Manolo González, surpreendido pelas críticas que o técnico recebeu após a derrota contra o Leganés.

Cobas lembrou que a equipa teve de enfrentar o encontro sem duas peças chave como Omar El Hilali e Pol Lozano, algo que condicionou as decisões do treinador. Nesse sentido, apontou que as modificações no onze não responderam a um “ataque de treinador”, mas sim à necessidade de adaptar-se às limitações de um plantel curto e com poucos substitutos fiáveis.

Manolo González durante o jogo contra o Leganés

Do seu ponto de vista, é importante contextualizar antes de julgar decisões técnicas que, neste caso, foram marcadas pelas ausências mais do que pelo voluntarismo.

Nacho Bailador retrata o desastre do Valladolid de Ronaldo e Catoira: “É vergonhoso”

Não há paliativos possíveis quando a despromoção já é oficial há semanas, e menos ainda quando quem fala é alguém que viveu a situação de dentro e sem perder um pingo de profissionalismo. Nacho Bailador, coordenador do As em Castela e Leão e voz habitual em SER Deportes Valladolid, passou esta terça-feira pelos microfones de La Grada Ràdio para analisar a situação do Valladolid… e fê-lo sem papas na língua. Com contundência. Com clareza. E com o tom de quem já não espera milagres, mas exige explicações.

Nacho Bailador, jornalista

A intervenção foi uma aula de jornalismo real, daquele que se compromete. De início, Bailador quis fazer uma pausa na sua análise para elogiar o técnico do Espanyol: “Tiro o chapéu para o que Manolo González fez, por esta segunda volta, oxalá estivéssemos a falar de quando nos podemos salvar”. E é que, em Valladolid, olham com inveja – sã, mas inveja – para a ressurreição que o Espanyol teve desde que Manolo assumiu o comando.

Mas claro, o Valladolid não está para homenagens. E se o Espanyol vive com a calculadora na mão, os pucelanos já estão a fazer inventário de ruínas. “O Valladolid na segunda volta empatou um jogo e perdeu 15”, disparou Bailador. “É possível que em algum destes três jogos contra Girona, Alavés e Leganés possa dar algum susto”, acrescentou, apontando que a equipa ainda tem algo a dizer… nem que seja para não assinar a pior segunda volta da história. “A equipa está a mostrar algum orgulho, e acho que vai conseguir algum ponto para não fazer um papel ridículo”.

Em qualquer caso, o que realmente incomoda em Valladolid não são os resultados. É a sensação de abandono. De desleixo. De fraude emocional. “As pessoas estão ansiosas por alguma pequena alegria numa temporada inédita, fruto do desleixo de um presidente e da ineficácia de um diretor desportivo como Domingo Catoira”, explicou. E é aqui que a tempestade se desata.

Porque o foco foi então colocado na figura de Ronaldo, proprietário do clube, a quem Bailador acusou diretamente de vender fumo: “Ronaldo explicou no dia da subida que tinha três ofertas para vender, e no dia seguinte diz que fica. Houve ofertas, mas nenhuma o convenceu, e eu pergunto, quanto vale agora o Valladolid, despromovido, sem estádio e com 16 jogadores em fim de contrato?”. Uma pergunta com a resposta pairando no ar. “Ofereceram 30 milhões, mas não se vê tão claro agora”, acrescentou.

Sobre Catoira, que foi diretor desportivo do Espanyol e que agora está no olho do furacão em Valladolid, também não houve trégua: “Não havia jogadores melhores para contratar? É aterrador, trouxeram jogadores fora de forma”. Segundo Bailador, o seu papel foi o de simples executor de ordens: “Catoira é um ‘mandado’, disseram-lhe para fazer dinheiro e ele fê-lo, e disse que por isso continuaria. Mas parece-me impossível pensar que continue no próximo ano”.

Mais ainda, o jornalista revelou que “consta que tanto a parte de Ronaldo como os possíveis compradores estão a contactar outros diretores desportivos”. O que leva à grande crítica: a perda de tempo. “O grande desastre é que desde fevereiro o Valladolid está despromovido e perdeu três ou quatro meses para preparar o futuro”.

E se o presente é deprimente, o futuro não parece muito melhor. “O que acontece é algo muito sério, as pessoas estão a protestar muito, a história do bilhete de 500 saiu em meios de todo o mundo”, comentou, em referência à peculiar forma de protesto de alguns adeptos que distribuíram notas falsas com a cara de Ronaldo.

O final da sua intervenção foi demolidor: “As pessoas estão muito dececionadas porque quando Ronaldo chegou disse que em 5 anos estaríamos na Europa e ia deixar um legado com a Cidade Desportiva, e não fez nada de nada. É vergonhoso”. Assim, sem rodeios. Uma intervenção que retrata a decadência de um clube que foi referência e que agora se debruça sobre o abismo… com o cartaz de “Vende-se” pendurado na porta.

By Tiago Mendonça

Tiago Mendonça vive na agitada Braga, onde mergulha diariamente no mundo do jornalismo desportivo. Com mais de 15 anos de experiência na cobertura de eventos desportivos em Portugal, desenvolveu um interesse particular pelo futebol e andebol, os dois desportos mais populares do país. Os seus artigos analíticos sobre previsões para jogos da Primeira Liga são regularmente publicados nas principais revistas desportivas. Tiago é conhecido pela sua capacidade de prever com precisão os resultados dos jogos, baseando-se numa análise detalhada de estatísticas e da forma atual das equipas. Além disso, apresenta um podcast popular sobre apostas desportivas, onde partilha informações privilegiadas e conselhos profissionais.

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