O Mundial de Clubes de 2025 não é o fim da temporada passada, mas o início da próxima. Para Inter e Juventus, vai além do prestígio internacional e dos ganhos financeiros. É uma oportunidade de dar sentido a uma temporada que, de maneiras distintas, deixou ambas com um grande sentimento de incompletude. Ao mesmo tempo, serve como um teste crucial que pode moldar imediatamente o rumo da campanha seguinte. É uma ponte entre o passado recente e o que ainda está por vir, algo que começará a ganhar forma já em julho.
Na Inter, o torneio mundial coincide com o início de uma nova era. A chegada de Cristian Chivu trará inevitavelmente diferentes escolhas, uma nova identidade tática e novos equilíbrios internos. A presença de reforços como Sucic e Luis Henrique adiciona curiosidade e muitas incógnitas. A continuidade diretiva ou a base técnica sólida podem não ser suficientes para tornar competitivo um grupo que precisa assimilar o resultado em Munique [referindo-se à final da Champions] e metabolizar profundas mudanças em pouco tempo. Chivu terá que conquistar a credibilidade de um vestiário que foi sólido e unido nos quatro anos anteriores [com Inzaghi]. Para isso, precisará demonstrar coerência, autoridade diante das decisões de mercado e obter resultados, validando suas ideias em campo.
Para a Juventus, a situação é igualmente delicada. Igor Tudor está em uma posição incerta: mais que um interino, mas menos que a primeira escolha. A questão da credibilidade também surge para ele, diante de um grupo que o viu reagir impulsivamente após o jogo em Veneza e depois amenizar o tom por meio de seu agente. O retorno de Kostic e Rugani, em vez de resolver, aumenta as dúvidas. A quem será confiado o papel de representar o `novo` rumo? Quais serão as prioridades de mercado? Jogadores como Conceição e Kolo Mouani, se confirmados por empréstimo, terão absorvido o sentido de pertença e a `juventinità` tão buscados nos últimos meses após a revolução que Giuntoli e Thiago Motta não concretizaram? A nova centralidade gerencial de Giorgio Chiellini será suficiente para transmitir esses valores?
Portanto, em ambos os casos, o desafio vai muito além do campo. Uma má atuação, em uma competição que exibe o futebol europeu para o mundo, teria um duplo efeito negativo: minar a solidez do projeto recém-iniciado e envenenar o ambiente antes mesmo do campeonato recomeçar. É uma variável psicológica muitas vezes subestimada: começar mal, mesmo em um torneio secundário, corre o risco de transmitir insegurança a todos: torcedores, mídia e à própria direção.
Pelo contrário, um bom Mundial – sem necessariamente pensar na vitória, mas garantindo atuações sólidas, organização e sinais de crescimento – pode se tornar uma importante alavancagem psicológica. Um ponto de apoio para construir, um estímulo para integrar os novos jogadores, uma confirmação para quem fica. Nesse sentido, o sorteio garante um pouco mais de chances à Inter, que enfrentará um grupo aparentemente sem equipes super fáceis (Monterrey, Urawa Red Diamonds e River Plate), mas também sem os super times, para se preparar para as oitavas: o primeiro lugar possivelmente resultaria no confronto mais acessível contra o Fluminense de Renato Gaúcho, em vez do temível Borussia Dortmund, em ascensão no final da temporada. A Juventus, ao contrário, tem um início mais tranquilo contra Al Ain (Emirados Árabes) e Wydad Casablanca (Marrocos) antes do desafio teoricamente difícil contra o Manchester City. Esse jogo contra o City provavelmente decidirá o destino do grupo, e nas oitavas, a segunda colocada do Grupo G (Juve ou City) muito provavelmente enfrentará o Real Madrid.
Em suma, em Appiano [centro de treinamento da Inter] e na Continassa [centro de treinamento da Juve], sabem bem que julho não será uma extensão do verão, mas o início de um novo horizonte. Tudo a ser explorado, no calor pouco convidativo, mas muito fascinante, dos Estados Unidos da América.