Sex. Jun 6th, 2025

Inter e Juventus, o encanto e as incógnitas do novo Mundial de Clubes

O Mundial de Clubes de 2025 não é o fim da temporada passada, mas o início da próxima. Para Inter e Juventus, vai além do prestígio internacional e dos ganhos financeiros. É uma oportunidade de dar sentido a uma temporada que, de maneiras distintas, deixou ambas com um grande sentimento de incompletude. Ao mesmo tempo, serve como um teste crucial que pode moldar imediatamente o rumo da campanha seguinte. É uma ponte entre o passado recente e o que ainda está por vir, algo que começará a ganhar forma já em julho.

Na Inter, o torneio mundial coincide com o início de uma nova era. A chegada de Cristian Chivu trará inevitavelmente diferentes escolhas, uma nova identidade tática e novos equilíbrios internos. A presença de reforços como Sucic e Luis Henrique adiciona curiosidade e muitas incógnitas. A continuidade diretiva ou a base técnica sólida podem não ser suficientes para tornar competitivo um grupo que precisa assimilar o resultado em Munique [referindo-se à final da Champions] e metabolizar profundas mudanças em pouco tempo. Chivu terá que conquistar a credibilidade de um vestiário que foi sólido e unido nos quatro anos anteriores [com Inzaghi]. Para isso, precisará demonstrar coerência, autoridade diante das decisões de mercado e obter resultados, validando suas ideias em campo.

Para a Juventus, a situação é igualmente delicada. Igor Tudor está em uma posição incerta: mais que um interino, mas menos que a primeira escolha. A questão da credibilidade também surge para ele, diante de um grupo que o viu reagir impulsivamente após o jogo em Veneza e depois amenizar o tom por meio de seu agente. O retorno de Kostic e Rugani, em vez de resolver, aumenta as dúvidas. A quem será confiado o papel de representar o `novo` rumo? Quais serão as prioridades de mercado? Jogadores como Conceição e Kolo Mouani, se confirmados por empréstimo, terão absorvido o sentido de pertença e a `juventinità` tão buscados nos últimos meses após a revolução que Giuntoli e Thiago Motta não concretizaram? A nova centralidade gerencial de Giorgio Chiellini será suficiente para transmitir esses valores?

Portanto, em ambos os casos, o desafio vai muito além do campo. Uma má atuação, em uma competição que exibe o futebol europeu para o mundo, teria um duplo efeito negativo: minar a solidez do projeto recém-iniciado e envenenar o ambiente antes mesmo do campeonato recomeçar. É uma variável psicológica muitas vezes subestimada: começar mal, mesmo em um torneio secundário, corre o risco de transmitir insegurança a todos: torcedores, mídia e à própria direção.

Pelo contrário, um bom Mundial – sem necessariamente pensar na vitória, mas garantindo atuações sólidas, organização e sinais de crescimento – pode se tornar uma importante alavancagem psicológica. Um ponto de apoio para construir, um estímulo para integrar os novos jogadores, uma confirmação para quem fica. Nesse sentido, o sorteio garante um pouco mais de chances à Inter, que enfrentará um grupo aparentemente sem equipes super fáceis (Monterrey, Urawa Red Diamonds e River Plate), mas também sem os super times, para se preparar para as oitavas: o primeiro lugar possivelmente resultaria no confronto mais acessível contra o Fluminense de Renato Gaúcho, em vez do temível Borussia Dortmund, em ascensão no final da temporada. A Juventus, ao contrário, tem um início mais tranquilo contra Al Ain (Emirados Árabes) e Wydad Casablanca (Marrocos) antes do desafio teoricamente difícil contra o Manchester City. Esse jogo contra o City provavelmente decidirá o destino do grupo, e nas oitavas, a segunda colocada do Grupo G (Juve ou City) muito provavelmente enfrentará o Real Madrid.

Em suma, em Appiano [centro de treinamento da Inter] e na Continassa [centro de treinamento da Juve], sabem bem que julho não será uma extensão do verão, mas o início de um novo horizonte. Tudo a ser explorado, no calor pouco convidativo, mas muito fascinante, dos Estados Unidos da América.

By Tiago Mendonça

Tiago Mendonça vive na agitada Braga, onde mergulha diariamente no mundo do jornalismo desportivo. Com mais de 15 anos de experiência na cobertura de eventos desportivos em Portugal, desenvolveu um interesse particular pelo futebol e andebol, os dois desportos mais populares do país. Os seus artigos analíticos sobre previsões para jogos da Primeira Liga são regularmente publicados nas principais revistas desportivas. Tiago é conhecido pela sua capacidade de prever com precisão os resultados dos jogos, baseando-se numa análise detalhada de estatísticas e da forma atual das equipas. Além disso, apresenta um podcast popular sobre apostas desportivas, onde partilha informações privilegiadas e conselhos profissionais.

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