A constante sensação de controle da partida da última quarta-feira na Holanda, a impressão de nunca ter pensado por um momento em sair do “De Kuip” com um resultado diferente de uma vitória fácil, não pode fazer desaparecer num só golpe os problemas que o último mês de jogos levantou. O Inter é neste momento uma equipe cansada, pouco brilhante fisicamente e também mentalmente provada por uma sequência impressionante de compromissos que acabaram por tirar também alguma segurança a um grupo no qual nem todos os jogadores valem da mesma maneira e para os quais a gestão do próprio Inzaghi se prestou a este tipo de conclusão. Do empate in extremis com o Milan no dérbi do campeonato, passando pelos deslizes em Florença e contra a Juventus e terminando com o sofrido 1-0 sobre o Genoa e o empate em Nápoles, o Inter ofereceu uma versão de si mesmo bem distante daquela dominante da temporada passada. Na visão mais pessimista, um Inter em parábola descendente, provavelmente encaminhado para o fim de ciclo, capaz de fazer reentrar na corrida ao Scudetto duas equipes que pareciam arredadas como Atalanta e sobretudo Juventus.
E depois, há outro aspecto de que não se tem em devida consideração. Se as comparações com o Napoli de Conte deixam um pouco a desejar – falando sempre de uma equipe empenhada em apenas uma frente e não irresistível por valores técnicos – as comparações com as grandes do futebol europeu contam-nos algo diferente. Se é verdade como é verdade que um dos principais méritos da gestão de Inzaghi foi o de dar ao Inter uma renovada dimensão europeia no plano do jogo e da personalidade, a sensação é que a crítica italiana continua a olhar de forma míope para o que acontece fora das nossas fronteiras. Uma pergunta: alguém viu, nas horas vagas, os jogos do Barcelona (durante muito tempo em inferioridade numérica) contra o Benfica e do Bayern de Munique contra o Bayer Leverkusen? Os dois prováveis obstáculos no caminho dos nerazzurri rumo à final de Munique são equipes que, por ritmos de jogo, qualidade nos jogadores e na proposta coletiva, são dificilmente comparáveis com a realidade de qualquer equipe italiana. Não só o Inter, todas.