Quando a situação é incerta e os desafios se multiplicam, buscam-se pontos de referência para evitar desorientação. Sobre a Continassa, nuvens escuras pairam há dias e um forte vento de mudança sopra. Embora os comunicados oficiais ainda faltem, por questões burocráticas e de “detalhes” a serem finalizados, Cristiano Giuntoli não está mais no comando da Juventus. A liderança é assumida pelo armador do navio, John Elkann, determinado a realizar uma reviravolta na sala de comando.
E onde a Juventus se encontra neste momento? No meio de uma transição que está a acontecer, mas ainda não se concretizou. É uma zona cinzenta de incertezas e reajustes. Ao olhar para fora da vigia, não há tédio: ondas sucessivas ameaçam a embarcação e o perigo de naufrágio é iminente. Faltam pontos de referência e, como dissemos, acaba-se por colidir. Colide-se contra portas que pareciam abertas e foram repentinamente fechadas, primeiro por Antonio Conte e depois por Gian Piero Gasperini. Mas quem escolherá o próximo treinador da Juve? Seja Igor Tudor ou um nome novo no mercado. Quem definirá a direção da gestão desportiva?
Essas perguntas são tão fortes que podem desestabilizar e levar à deriva. É preciso lançar a âncora: parar, refletir, tomar decisões, mesmo que difíceis. Por isso, não surpreendem as notícias diárias que falam da possibilidade de uma cúpula – esta noite em Munique, à margem da final da Liga dos Campeões – entre John Elkann, Giorgio Chiellini e Damien Comolli.
É preciso traçar uma rota. O destino talvez não seja o X de um mapa do tesouro, mas pelo menos deve recolocar a Juventus no caminho certo. Por onde começar? Por quem assumirá a responsabilidade de traçar essa rota, decidir como percorrê-la, a que velocidade e com que equipa. É hora de sair da metáfora: quem treinará a Juventus? Qual será a filosofia por trás do novo projeto desportivo? Quais serão os objetivos a curto, médio e longo prazo?
Em Munique, pode nascer a nova Juventus, a era pós-Giuntoli. Mais um “ano zero”, na esperança de que essa página do calendário possa finalmente ser virada para seguir em frente. Enquanto isso, a final da Champions será jogada, com a rival Inter em campo. Quem sabe isso não possa ser um estímulo extra para recomeçar.