Sex. Abr 18th, 2025

Marcello Lippi: “É bom ser antipático com a Juventus”

Marcello Lippi, renomado treinador campeão mundial pela Itália em 2006 e figura histórica da Juventus, onde conquistou cinco títulos do Campeonato Italiano e uma Liga dos Campeões, concedeu uma entrevista a Maurizio Crosetti do jornal Repubblica. Na conversa, Lippi abordou diversos temas, com foco especial na sua trajetória na Juventus.

Recordando o primeiro título italiano com a Juventus, há quase trinta anos, Lippi comentou: “Representávamos a modernidade no futebol. Acredito que aquela equipe personificava a minha filosofia de jogo: agressividade em todos os setores do campo, organização tática, mas sem a obsessão excessiva que vemos hoje em dia. Contava com jogadores extremamente dedicados e dispostos ao sacrifício. O mais desafiador é compreender a mentalidade de cada jogador e trabalhar o aspecto psicológico. O talento em campo é facilmente perceptível”.

Sobre a singularidade da Juventus, Lippi destacou: “O que torna a Juventus tão especial? Sua história rica e a competência das pessoas que a gerenciam. A verdadeira dimensão da Juventus só é compreendida por quem está dentro do clube. É inegável que a Juventus é o time mais amado, mas também o mais odiado, justamente por ser tão vitorioso e, por vezes, considerada ‘antipática’. E eu afirmo: é ótimo ser antipático quando se vence tanto. Quanto ao Scudetto, não me surpreenderia se a Juventus voltasse a brigar pelo título”.

Questionado sobre o maior jogador com quem trabalhou, Lippi hesitou: “É difícil escolher um só. Se menciono Del Piero, automaticamente penso em Zidane, e vice-versa… E não posso esquecer de Vialli, que faz muita falta: generoso, espirituoso, inteligentíssimo, um craque completo e muito divertido. Conte também foi fundamental, um verdadeiro ponto de referência. E ainda Pirlo, Nedved, Totti, Gattuso, Buffon… E Roberto Baggio, sem dúvida, um dos maiores da história”.

Lippi desmentiu os rumores de desavenças com Baggio: “Inventaram muitas histórias sobre uma suposta rivalidade entre nós, o que é uma bobagem. Os maiores jogadores que não tive a oportunidade de treinar? Maradona, Messi e Van Basten, certamente. Embora Pelé, que só vi pela televisão, tenha sido o maior de todos”.

Refletindo sobre a geração de 2006, ano do tetracampeonato mundial da Itália, Lippi expressou: “Espero que os jovens de hoje busquem no YouTube os vídeos das partidas daquela Copa do Mundo. A maior alegria da minha carreira foi proporcionar felicidade a tantas pessoas. Ser técnico da seleção italiana é como ser o Presidente da República: você representa a todos. E sei que jamais seremos esquecidos”.

Ao ser perguntado sobre nostalgia, Lippi concluiu: “Deixei os gramados há cinco anos e, sinceramente, não sinto falta do banco de reservas. O que eu fazia em 1982, na final de Bernabeu? Assistia e aprendia. Aquela seleção italiana, tão agressiva e perfeita, foi uma das minhas maiores inspirações”.

By Tiago Mendonça

Tiago Mendonça vive na agitada Braga, onde mergulha diariamente no mundo do jornalismo desportivo. Com mais de 15 anos de experiência na cobertura de eventos desportivos em Portugal, desenvolveu um interesse particular pelo futebol e andebol, os dois desportos mais populares do país. Os seus artigos analíticos sobre previsões para jogos da Primeira Liga são regularmente publicados nas principais revistas desportivas. Tiago é conhecido pela sua capacidade de prever com precisão os resultados dos jogos, baseando-se numa análise detalhada de estatísticas e da forma atual das equipas. Além disso, apresenta um podcast popular sobre apostas desportivas, onde partilha informações privilegiadas e conselhos profissionais.

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