A temporada do Milan caminha para uma conclusão discreta, culminando com a última partida do campeonato. A equipe Rossoneri não participará de nenhuma competição europeia no próximo ano, uma certeza que terá repercussões no balanço financeiro do clube. A derrota na final da Copa da Itália e o subsequente revés na Serie A extinguiram as esperanças do Milan de jogar na Europa em 2025/2026.
Agora, os Rossoneri precisam começar imediatamente a planejar o futuro, definindo a estratégia de mercado e as possíveis movimentações, tanto de entrada quanto de saída de jogadores. A situação do diretor esportivo foi resolvida com a chegada de Igli Tare. Em sintonia com o CEO Giorgio Furlani, o diretor técnico Geoffrey Moncada e o consultor sênior Zlatan Ibrahimovic, Tare terá a tarefa de escolher o próximo treinador, após a já confirmada saída de Conceição (Allegri e Italiano são os nomes mais cotados).
É fundamental não errar, pois a qualificação para a próxima edição da Liga dos Campeões foi um objetivo não alcançado pelo clube, o que gerará um impacto econômico considerável. Nos últimos anos, o Milan registrou lucro (nas duas temporadas anteriores), mas esse resultado positivo está destinado a desaparecer, possivelmente já na temporada atual.
Segundo estimativas, o exercício de 2024/25 da sociedade Rossoneri apresentará um déficit de cerca de 25 milhões de euros, entre receitas e custos. O balanço, assim, fecharia no vermelho pela primeira vez após dois lucros consecutivos. Analisando em detalhe, a rubrica de custos apresenta um leve aumento, contrastando com uma queda nas receitas. Pesa, em particular, a redução na rubrica de mais-valias, que durante a temporada 2023/24 foi impulsionada pela venda de Sandro Tonali ao Newcastle.
A situação pode mudar até 30 de junho, graças a uma janela de mercado introduzida pela UEFA (de 1º a 10 de junho) para ajudar as equipes que participarão da primeira edição do Mundial de Clubes nos Estados Unidos. Este mercado estará aberto a outros clubes, e o Milan pode tranquilamente realizar algumas operações de saída para aumentar suas receitas.
Quais vendas realizar para aumentar as receitas e equilibrar o balanço? Certamente, uma grande mais-valia poderia vir da eventual venda de Tijjani Reijnders (fala-se de uma super oferta do Manchester City, com o Milan não aceitando menos de 70 milhões de euros). Mas os Rossoneri também podem seguir outro caminho: o clube emprestou diversos jogadores que poderiam gerar receitas importantes.
Em primeiro lugar, Pierre Kalulu poderia gerar uma mais-valia de 13,6 milhões com uma possível compra pela Juventus. O Marselha está avaliando a ideia de resgatar Ismael Bennacer, com uma mais-valia potencial de 8,2 milhões. Há também conversas sobre Alexis Saelemaekers (com a Roma interessada), Yacine Adli com a Fiorentina, Tommaso Pobega com o Bologna, Noah Okafor com o Napoli e Álvaro Morata com o Galatasaray. Se algumas dessas negociações se concretizarem, o Milan melhoraria significativamente a rubrica de mais-valias nas receitas.
Se a margem de manobra para 2024/25 pode permitir ao Milan fechar o balanço em equilíbrio, a situação se tornará mais complexa para a próxima temporada, já que os Rossoneri não poderão contar com as receitas provenientes das competições europeias, especialmente da Liga dos Campeões (que trouxe cerca de 80 milhões de euros em prêmios de qualificação e resultados, sem considerar a bilheteria do San Siro nos jogos em casa). A ausência das copas também poderá afetar alguns bônus ligados aos patrocinadores principais, dinheiro que precisará ser recuperado através de vendas para evitar fechar no vermelho.
De qualquer forma, vale lembrar que o patrimônio líquido do Milan – em 30 de junho de 2024 – era positivo: a nível civil, era de 200,7 milhões de euros, enquanto a nível consolidado era de 196,3 milhões de euros. Um detalhe que sublinha a capacidade do clube de fazer frente a eventuais perdas, mesmo sem intervenção direta do acionista.
Por fim, é importante destacar o capítulo da UEFA. Terminada esta temporada, o Milan sairá do Settlement Agreement assinado com a federação europeia em 2022. Isso significa que, a partir de 2025/26, o Milan será monitorado como qualquer outro clube com base nas normas impostas pelo Fair Play Financeiro. Assim, não poderá registrar perdas superiores a -60 milhões de euros em um período de monitoramento calculado sobre os três anos anteriores. Para fazer cálculos rápidos, o exercício 2025/26 será somado aos de 2024/25 e 2023/24, e a soma agregada desses resultados não deverá ultrapassar a cifra de -60 milhões de euros. O Milan, portanto, deverá ter atenção redobrada com as contas da próxima temporada para se manter dentro dos parâmetros da UEFA, buscando fontes de receita alternativas às que faltarão, com o objetivo de retornar imediatamente à Liga dos Campeões em 2026/27. Além disso, deverá manter sob controle o custo da equipe, que não deverá superar 70% das receitas do clube (incluindo as mais-valias): um dado no qual o Milan tem respeitado perfeitamente o limite imposto.
Qual será, então, a estratégia do Milan? Haverá vendas de destaque, com perfis como Tijjani Reijnders, Mike Maignan, Theo Hernandez e Rafael Leão sendo alvo de desejo dos principais clubes europeus? Os Rossoneri terão um verão de decisões importantes para o futuro, com três caminhos possíveis: uma venda significativa para aprimorar o balanço, vendas que gerem mais-valias consideráveis e impactem a folha salarial, ou a venda de todos os jogadores considerados dispensáveis para o projeto.