O antigo presidente do Inter de Milão, Massimo Moratti, partilhou as suas recordações mais queridas enquanto adepto Nerazzurri, destacando a equipa que conquistou o triplete em 2010 e o lendário “Grande Inter” do seu pai. No entanto, Moratti também expressou o seu forte apego à equipa de 1998, que, segundo ele, foi injustamente privada do título da Serie A devido a um “roubo” por parte da Juventus.
“O ‘Grande Inter’ do meu pai foi um modelo e continua no meu coração”, disse Moratti em entrevista ao jornal La Gazzetta dello Sport. “Era o equivalente futebolístico dos Beatles – único, como aquela banda que definiu uma era inteira. Não consigo fazer comparações musicais com nenhuma das outras equipas que tive como presidente depois.”
“A equipa do triplete fez história, claro, mas também sou muito ligado aos rapazes maravilhosos de 1998, que só não ganharam o Scudetto por causa de um roubo da Juventus.”
“A Juventus naqueles anos era como um muro – fazia-te sofrer porque te tirava toda a esperança. Era um muro que simplesmente não conseguias ultrapassar.”
“Mas quando finalmente conseguimos, ganhámos tudo. O Calciopoli continua a ser uma das páginas mais sombrias do futebol italiano, algo que é melhor esquecer. No estrangeiro, nunca tive um inimigo fixo, embora o Manchester United nos tenha feito sofrer.”
Moratti: Vendemos Pirlo ao Milan por engano, a loucura está no ADN do Inter
Ao refletir sobre o seu longo período na liderança do clube no San Siro, Moratti mencionou um nome algo surpreendente ao ser questionado sobre qual contratação lhe deu mais orgulho.
“Pirlo – em parte porque tratei do negócio pessoalmente. Assinei o contrato num elevador depois de dizer ao presidente do Brescia que tínhamos de concluir o negócio rapidamente”, recordou o antigo presidente.
No entanto, o vencedor do Campeonato do Mundo é também o maior arrependimento de Moratti, devido à decisão de o deixar sair para o rival da cidade.
“Também Pirlo [a contratação de que mais me arrependo]… Foi um erro deixá-lo ir, especialmente para o Milan. Uma espécie de Calhanoglu invertido, mesmo que o jogador turco tenha saído a custo zero.”
O dirigente de 79 anos tem dificuldade em entender como uma equipa do Inter que conseguiu competir em quase todas as frentes até ao fim não conseguiu vencer sequer uma vez contra uma equipa do Milan com dificuldades nesta época – mas é um preço que ele está mais do que disposto a pagar pela campanha que os Nerazzurri estão a ter.
“Ainda é um mistério como não vencemos o Milan, mas trocava isso de bom grado por tudo o que conquistámos depois”, continuou Moratti.
“Não vamos brincar [sobre o que eu preferia]. De um lado tens uma equipa com estatuto internacional, temida como uma das mais fortes do mundo.”
“Os outros são troféus ganhos por uma equipa que ficou aquém em muitas áreas – embora possam melhorar no futuro.”
Finalmente, Moratti não pôde deixar de comentar a vitória dramática do Inter sobre o Barcelona na semifinal da Liga dos Campeões, admitindo que já não acreditava que a equipa de Simone Inzaghi pudesse chegar à final após o terceiro golo tardio dos Blaugrana.
“Não [já não acreditava], porque a equipa parecia completamente sem vida”, acrescentou.
“Até os adeptos tinham desistido, em certa medida. Depois, Acerbi acertou naquela bola incrível, que deu energia a todos e mudou a história.”
“A loucura está no nosso ADN. Mas sim, o jogo de terça-feira será sempre especial.”
“Tenho que admitir que não conheço o PSG muito bem, mas parecem mais completos e sólidos do que o Barcelona, que joga um futebol divertido mas deixa demasiado espaço na defesa. Penso que muito dependerá de como o jogo começa – se marcarmos cedo, pode tornar-se muito interessante.”
Rui Queirós