A ex-presidente da Roma, Rosella Sensi, concedeu uma entrevista detalhada ao Corriere dello Sport, onde relembrou os momentos cruciais de sua passagem pelo clube. Ela assumiu a presidência em 28 de agosto de 2008, após o adoecimento de seu pai, mas já atuava como administradora delegada desde 2000.
“No momento em que tomei as rédeas, senti angústia, um enorme senso de responsabilidade e medo de cometer erros”, revelou Sensi. Sua saída ocorreu em 28 de junho de 2011, um desligamento que, segundo ela, “exigiria duas ou três entrevistas separadas para esclarecer todos os detalhes e contar a verdade completa sobre como aconteceu”.
A Despedida Conturbada
Rosella Sensi descreveu sua saída do clube como “uma experiência que terminou mal”. Ela enfrentou “insultos pesados” durante sua última partida no estádio. Sensi acredita que “alguém teve interesse em colocar a torcida contra nós”, mas reconheceu que seu tempo à frente do clube havia chegado ao fim e ela não queria ser o “cordeiro a ser sacrificado”.
Visão Sobre Mourinho
Ao comentar sobre José Mourinho, que recentemente comandou a Roma, Sensi foi elogiosa: “Mourinho em Roma foi fantástico, ele exaltou o senso de pertencimento”. Ela se referiu à famosa declaração “zero tituli” do treinador, notando que “depois ele teve a sorte de se integrar ao clima giallorosso e se redimiu”.
A Verdade Sobre Totti e o Real Madrid
Um dos tópicos mais esperados foi a situação de Francesco Totti. Sensi afirmou categoricamente: “Nunca pensei em vendê-lo”. Ela explicou que Totti só sairia ao término de seu contrato, mas mesmo assim, seria um cenário que eles evitariam a todo custo. Além do laço pessoal e da grandeza do jogador, “abrir mão de Totti teria empobrecido o patrimônio da Roma”. Sensi confirmou que “o único clube que tentou seriamente levá-lo foi o Real Madrid de Florentino Pérez”. No entanto, apesar de Pérez ser amigo de seu pai, “ele nunca pensou em realmente concretizar” a transferência.
Roma: Um Amor de Família
Questionada se a Roma “arruinou” a família Sensi financeiramente, Rosella ponderou: “Parece exagerado dizer que nos arruinamos por causa da Roma”. Contudo, ela admitiu que “grande parte do patrimônio familiar meu pai destinou a esta sociedade”. Para ela, não havia necessidade de “perdoar” essa escolha, “porque a Roma foi e ainda hoje é o grande amor da família”.
Spalletti e Ranieri
A chegada dos técnicos Luciano Spalletti e Claudio Ranieri durante sua gestão foi resultado de um trabalho em equipe, segundo Sensi. “Fomos um grupo de trabalho do qual também faziam parte Bruno Conti, Daniele Pradè e Cristina Mazzoleni“, e as “escolhas eram sempre compartilhadas” por todos.
O Próximo Treinador
Sobre o perfil do técnico ideal para o futuro da Roma, Rosella Sensi disse que é “aquele que mais se adequa ao momento histórico do clube”. Quanto a quem pode ou deve ser, ela deixou a decisão para a atual gestão: “Os Friedkin e Ranieri sabem quem pode e quem deve ser”.
Relação com os Friedkin
Sensi revelou que nunca teve contato direto com a família Friedkin, atual proprietária do clube, mas reconheceu que eles “demonstraram sempre atenção e respeito para conosco”, diferente da gestão anterior sob James Pallotta. Ela compartilhou um episódio doloroso: “Na época de Pallotta, vi minha mãe chorar”. Sensi explicou que seu pai, sendo católico praticante, havia construído uma capela em Trigoria, usada pelos jogadores antes das partidas. “Quando minha mãe soube que ela havia sido transformada em um armazém, começou a chorar”, lamentou, questionando o quão “involuntário” teria sido aquele gesto.
Rui Queirós