Qua. Jun 4th, 2025

Simone Inzaghi e o Inter: Um Balanço de Quatro Anos – Poucos Troféus, Mas um Legado Além das Vitórias

Com o fechar das cortinas sobre a era de Simone Inzaghi no Inter, é chegado o momento de fazer um balanço. Uma avaliação a frio, que busca analisar a derrota em Munique como o último ato – desastroso – de uma jornada de quatro anos, e não como o resumo de toda a sua passagem.

O propósito destas linhas não é comentar a decisão – do Inter e de Inzaghi – de se despedirem, de encerrarem este ciclo, cedendo aos encantos da Arábia (no caso do treinador) ou encontrando-se sem substituto a poucos dias do Mundial de Clubes (no caso do Inter). O objetivo é simplesmente tentar traçar um panorama dos anos em que o destino de Simone Inzaghi esteve intimamente ligado ao dos Nerazzurri.

Comecemos pelos troféus, que, afinal – no futebol e no desporto, apesar do que alguns tentam nos dizer – são o que mais importa, pelo menos para os adeptos. E é inegável que o Inter ganhou poucos troféus sob o comando de Inzaghi. Um Scudetto, duas Taças de Itália e três Supertaças de Itália em quatro temporadas – para a equipa que, certamente, estava melhor equipada no campeonato – parecem ser demasiado poucos, embora não se possa considerar um saldo totalmente fracassado.

E não, por mais que seja uma conquista de absoluto destaque, as “finais alcançadas” não devem ser contadas entre os troféus. Nunca. Embora devam ser levadas em conta, e aliás, deve ser absolutamente destacado como chegar ao fim de uma competição complicada como a Liga dos Campeões – ainda mais no seu novo formato – inevitavelmente consome energias que certamente teriam sido úteis no campeonato. Em suma: se o Inter tivesse sido eliminado antes dos quartos de final, como aconteceu a Atalanta, Milan e Juventus, provavelmente teria ganho o campeonato. Ou, deixando a margem de dúvida, teria tido menos “álibis” em caso de insucesso. O elenco nerazzurro, embora superior aos outros clubes da Serie A, não estava suficientemente preparado para disputar o topo de ambas as competições, muito menos para o Triplete.

A aventura de Simone Inzaghi no Inter, no entanto, não deve e não pode ser considerada negativa. Afinal, se tentarmos sair do labirinto de preconceitos e análises ligadas apenas à galeria de troféus, Inzaghi demonstrou estar absolutamente à altura de um banco como o do Inter, embora tenha errado algumas escolhas e falhado em algumas partidas importantes: contratempos que acontecem a todos, uns mais, outros menos, mas que no seu caso fizeram bastante barulho.

A derrota no derby em 2022, que praticamente entregou o Scudetto ao Milan, permanece como o pecado original, talvez nunca perdoado a 100% ao treinador. Os pontos perdidos contra Parma, Bologna, Roma e Lazio na reta final do campeonato deste ano representam talvez os maiores lamentos, porque sim, apesar do percurso tortuoso na Champions, o título esteve ao alcance dos Nerazzurri por longo tempo, e se no final quem celebrou foi – com mérito – o Napoli de Conte, o motivo também reside nos deslizes acima mencionados. Quatro, não um. E num momento chave da temporada. Esse, talvez, seja o maior erro que pode ser imputado a Inzaghi.

Por fim, em ordem cronológica, há a final de Munique. Um desastre. Um verdadeiro baque, impossível de esquecer e que mancha indelevelmente todo o percurso.

E sim, errar algumas das partidas mais importantes do quadriénio (algumas, não todas, como dizem alguns, esquecendo-se rapidamente de tantas vitórias) representa um enorme limite, especialmente se em alguns casos as derrotas são atribuíveis a algumas escolhas do treinador. Mas, de facto, ninguém está aqui a afirmar que Inzaghi é infalível, nem que nunca errou, pelo contrário. Cometeu erros que condicionaram algumas partidas determinantes e isso é inegável. Mas é o mesmo treinador que também empurrou o Inter muitas vezes além dos seus limites, inclusive com algumas intuições que seria injusto, incorreto e pretexto não reconhecer.

Em suma: ele poderia ter feito melhor? Sim. O Inter ganhou “pouco” apenas por culpa dele? Não. Porque Inzaghi (e também muitos dos jogadores, deve-se dizer!) falhou na final contra o PSG, mas sem Inzaghi talvez essa final nem tivesse acontecido. Porque Inzaghi geriu as forças de forma não impecável no final do campeonato – certamente – mas não é culpa dele se por trás de Lautaro e Thuram ele teve um grupo de atacantes inadequado. Porque Inzaghi ganhou pouco – sim – mas se a maioria dos adeptos Nerazzurri sempre o apoiou e já sente a sua falta, deve haver uma razão. E provavelmente reside em algo que vai além dos resultados.

By Tiago Mendonça

Tiago Mendonça vive na agitada Braga, onde mergulha diariamente no mundo do jornalismo desportivo. Com mais de 15 anos de experiência na cobertura de eventos desportivos em Portugal, desenvolveu um interesse particular pelo futebol e andebol, os dois desportos mais populares do país. Os seus artigos analíticos sobre previsões para jogos da Primeira Liga são regularmente publicados nas principais revistas desportivas. Tiago é conhecido pela sua capacidade de prever com precisão os resultados dos jogos, baseando-se numa análise detalhada de estatísticas e da forma atual das equipas. Além disso, apresenta um podcast popular sobre apostas desportivas, onde partilha informações privilegiadas e conselhos profissionais.

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