Sáb. Abr 19th, 2025

Vitória do Espanyol Resgata a Fé: Manolo e Jogadores Calam Críticas com 4-0 Transformador

Respirar fundo. Finalmente. Nesta fase da temporada, para nós que amamos o Espanyol, poder desfrutar de um fim de semana de futebol sem recorrer a ansiolíticos já é uma excelente notícia. A equipa `perica`, aquela que parecia destinada a sofrer até ao último segundo da derradeira jornada, alcançou um triunfo em Vallecas que altera tudo. E não é exagero: ganhar fora de casa, e fazê-lo por 0-4, é como ver nevar em agosto. Mas o melhor não é apenas o resultado, mas sim como foi alcançado.

E foi nesta sexta-feira que, enquanto muitos `pericos` olhavam para o calendário com receio – porque abrir a jornada, com tanto em jogo, poderia correr muito mal -, a equipa de Manolo González transformou isso numa vantagem. Os três pontos somados contra o Rayo permitem ao Espanyol assistir ao resto da jornada a partir da bancada e torcer por um deslize dos seus rivais. Girona – Alavés, Real Madrid – Valencia, Las Palmas – Real Sociedad, Valladolid – Getafe e Leganés – Osasuna podem trazer boas notícias… mas desta vez sem roer as unhas.

Um Banho de Personalidade e Futebol

A primeira parte do Espanyol foi memorável. Simplesmente assim. Nem o mais otimista teria imaginado: uma equipa que fora de casa tem sido mais tímida durante toda a temporada, protagonizou uma das melhores primeiras partes que se lembram em anos. Não desta época, atenção, em anos. E parte do mérito é de um Manolo González que arriscou nas mudanças: Edu Expósito no lugar do até agora indiscutível Král, e Antoniu Roca por um Jofre Carreras que vinha menos fulgurante. A alteração resultou na perfeição.

Expósito demonstrou ter mais futebol nos pés, mais calma, mais clareza do que o checo. E Antoniu, vertical, ousado, voltou a evidenciar que merece mais minutos. A equipa fez uma primeira parte quase perfeita, reconheceu Manolo após o jogo. E tinha razão.

Manolo, de Questionado a Referência

Se o futebol fosse justo – o que nem sempre é – hoje Manolo estaria na boca do mundo do futebol. Antes do confronto, havia quem dissesse que o seu plano era conservador, que faltava golo à equipa, que as mudanças não traziam nada de novo… Pois bem, aos 50 minutos, quando muitos pensaram que ele se ia retrancar com uma defesa de cinco, o que fez foi assegurar o jogo. E não foi um passo atrás, mas sim uma manobra de mestre. Queria que a equipa tivesse o controlo e não sofresse, e funcionou na perfeição.

Porque não se ganhou por acaso nem com sorte. Ganhou-se com organização, com empenho e também com eficácia. O golo de Leandro Cabrera – sim, aquele central que parece estar de saída do clube, mas que continua a dar pontos como se fosse uma referência ofensiva – e outro de Roberto, o reforço de inverno que a cada jornada justifica a sua chegada, encaminharam o jogo num instante.

Nomes Próprios que Merecem Aplausos

O desempenho de Cabrera foi uma aula defensiva e ofensiva. Voltou a ser um muro e ainda marcou. O de Puado, possivelmente a sua melhor versão desde que está na equipa principal: assistência, golo e uma entrega física tremenda. Que alguém nos escritórios tome nota, porque se este jogador sair a custo zero, será para lamentar.

Edu Expósito foi o maestro. Joan García, mais uma vez salvador, com outra defesa impossível que teria colocado o Rayo de volta no jogo. Urko, soberbo. Roberto, lutador como sempre. E sim, a equipa fez 7 remates, quase metade dos que tinha acumulado em toda a temporada fora de casa (17). Pedia-se mais agressividade no ataque, e conseguiu-se.

Um Triunfo para Recordar

A última vez que o Espanyol venceu por 0-4 fora de casa foi em San Mamés, em 2013. Naquele dia marcaram Héctor Moreno, Víctor Sánchez, Stuani e Verdú. Hoje, o contexto é muito diferente, mas a sensação é igualmente poderosa: isto é um clique. Uma vitória que pode mudar uma dinâmica, um grupo que agora acredita, uma torcida que pode olhar para o futuro sem pânico. A equipa e Manolo mereciam isto.

Esta equipa, com todas as suas limitações técnicas, com todos os obstáculos que teve de ultrapassar, demonstrou que é possível competir, somar pontos e, de caminho, gerar entusiasmo. Ainda há um longo caminho a percorrer, sim. Mas esta sexta-feira, o Espanyol ganhou algo mais do que três pontos: ganhou o direito de sonhar – com os pés assentes na terra, mas com a alma em alta – com uma permanência que começa finalmente a parecer possível.

By Tiago Mendonça

Tiago Mendonça vive na agitada Braga, onde mergulha diariamente no mundo do jornalismo desportivo. Com mais de 15 anos de experiência na cobertura de eventos desportivos em Portugal, desenvolveu um interesse particular pelo futebol e andebol, os dois desportos mais populares do país. Os seus artigos analíticos sobre previsões para jogos da Primeira Liga são regularmente publicados nas principais revistas desportivas. Tiago é conhecido pela sua capacidade de prever com precisão os resultados dos jogos, baseando-se numa análise detalhada de estatísticas e da forma atual das equipas. Além disso, apresenta um podcast popular sobre apostas desportivas, onde partilha informações privilegiadas e conselhos profissionais.

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